Com o SAP HANA, Hasso Plattner mudou as regras do jogo para o tratamento de bancos de dados. A própria utilização do novo Business Suite SAP S/4HANA exige uma mudança de pensamento nas empresas, como afirma Rüdiger Spies, advogado especialista em patentes e analista na PAC.
- Senhor Spies, a SAP conseguiu com o SAP S/4HANA um dos primeiros softwares preparados para a transformação digital. Qual o tamanho dessa vantagem competitiva?
Já faz algum tempo que a TI está buscando uma nova arquitetura. Funcionou por um bom’ período com o SAP R/3, mas sempre com base em bancos de dados relacionais da concorrência, como Informix, Oracle, Microsoft e IBM. Especialmente no campo de aplicativos, em termos de Business Intelligence, a IBM se tornava cada vez mais forte. O golpe de mestre de Hasso Plattner justamente nessa fase foi o SAP HANA, porque pela primeira vez, graças ao seu próprio banco de dados in-memory, a SAP se tornou independente de bancos de dados relacionais. A primeira tentativa com o ADABAS D desenvolvido pela Software AG como Max DB ou SAP DB não foi realmente aceita pelo mercado. Algumas abordagens da SAP e de concorrentes com bancos de dados orientados a colunas nunca obtiveram sucesso. Com o SAP HANA é diferente.
2. Com o SAP S/4HANA, a SAP lançou no mercado um produto com base na plataforma SAP HANA. Esse é o momento certo para introduzir o SAP S/4HANA no mercado?
Cinco anos atrás teria sido cedo demais, com certeza. Mas a política de licenciamento do concorrente era bastante falha, de modo que surgiu a oportunidade de lançar a inovação justamente nesse momento. Além disso, havia a massa crítica da SAP como líder de mercado. Visto dessa forma, o momento foi bem escolhido.
3. Quais são as vantagens decisivas do SAP S/4HANA?
O novo Business Suite com base no SAP HANA oferece três grandes vantagens. (1.) Não existem mais redundâncias, como tabelas duplicadas e tabelas de referências. Elas não são mais necessárias, porque tudo é mantido “in-memory”, ou seja, na memória de trabalho. (2.) A SAP efetuou uma sólida limpeza no back-end. (3.) Além disso, o desenvolvimento, a operação e o back-up foram simplificados. Isso resulta não apenas em uma velocidade maior nos processos, mas também em possibilidades de escolha completamente novas. Quando uma simulação de planejamento de produção dura apenas alguns minutos, não mais meio dia, é possível replanejar toda a logística dentro de minutos e não mais apenas uma vez por dia. Assim, além de estabelecer preços individuais para um cliente durante o pedido, uma empresa poderá até consultar o histórico de compras nesse momento para incorporar reduções de preço. Atualmente, nenhum dos concorrentes oferece isso.
4. É preciso tempo para convencer os usuários SAP dessa mudança de paradigma. Como está esse processo?
Adotar o SAP S/4HANA e, com isso, o SAP HANA como plataforma, demanda uma nova arquitetura de TI, que deve estar alinhada com os objetivos de negócio da empresa. No entanto, uma mudança ocorre sempre em conexão com os ciclos de inovação de uma empresa. Isso porque existem contratos em curso com prestadores de serviço e concorrentes da SAP, que precisariam ser renegociados. Além disso, deve existir um tipo de pressão: apenas quem se sente desconfortável com uma arquitetura existente desejará mudar algo. Especialmente quando será necessário construir do zero todo o conhecimento para a nova tecnologia na empresa. A partir dessas considerações, presumo que provavelmente um em cada cinco clientes SAP teria condições de conduzir uma transição imediata para o moderno Business Suite SAP S/4HANA.
Transformação digital: “…é como aconteceu com a nuvem no seu segundo ano de existência”
5. Finalmente o SAP S/4HANA com o SAP HANA como plataforma está promovendo a transformação digital nas empresas. As empresas possuem uma estratégia adequada?
Hoje, o tema da transformação digital é amplamente discutido em empresas multinacionais, mas ainda limitado entre as pequenas e médias empresas. Naturalmente existem exemplos mostrando que podemos obter sucesso. Como, por exemplo, iogurtes que podem ser rastreados digitalmente desde a vaca até a geladeira, ou seguros de automóveis que definem seu prêmio de acordo com o estilo de condução do motorista. Mas essas são exceções. É como aconteceu com a nuvem no seu segundo ano de existência. Ainda vai levar algum tempo. Hoje, muitas pessoas ainda não percebem os cortes drásticos que a transformação digital implica para a economia. Administrações serão reduzidas, muitos serviços não serão mais necessários, bancos fecharão suas filiais, porque os serviços on-line concentrarão as receitas e o sinistro utilizará a rede por meio da Internet das Coisas. Quando o software cognitivo começar como a próxima grande onda, essa tendência continuará mais forte. O maior desafio é para os departamentos de RH, que desejam preservar ao máximo os empregos dos seus colaboradores e oferecer-lhes cargos atrativos. Mas o caminho para o SAP HANA já mostrou: o maior obstáculo para o avanço é que, por meio do software, o mundo foi alterado radicalmente, mas agora as pessoas precisam ser introduzidas a essas mudanças.
Fonte: news.sap.com/brazil